Pedro Schiavon | 09/08/2023 | 0 Comentários

BODEGAIA (Santos/SP)

Santos, sempre Santos. Graças à praia nem todo mundo é gordo, porque se dependesse dos botecos, dos restaurantes e dos quiosques, a ilha afundava.

Quem conhece bem a cidade, os lanches dos quiosques, as paellas de alguns restaurantes e as porções da maioria dos bares, sabe do que estamos falando. E o Bodegaia talvez seja a mostra mais generosa disso.

O bar nasceu em 2006 no charmoso e aconchegante bairro da Pompeia, da criação de amigos ex-gerentes do (aaargh!) Mc Donald’s que, após um banho de sal grosso e uma rejuvenescedora tour botequeira por São Paulo, Rio e outros lugares, resolveram montar algo que unisse “o charme da Vila Madalena com a descontração de Santos”.

A coisa deu tão certo que alguns anos depois, em 2012, o grupo abriu uma filial, na charmosa rua XV de Novembro, no centro de Santos, famosa por um burburinho pós-trabalho e que se concentra também nos almoços. Mas vamos nos ater aqui ao original.

O lugar é bacaninha e sem frescuras, com mesinhas de madeira e algumas piadinhas e frases de botecos que espalham descontração pelas paredes. Para facilitar a intimidade, os garçons usam os nomes nas costas e rapidamente se tornam conhecidos por todos. E para ajudar a embalar o clima, alguns dias têm música ao vivo nos finais de tarde.

A estrela da casa é a cozinha e sua conhecida fartura. Dali saem os petiscos, os caldinhos e, principalmente, as porções que encantam a todos.

Vale a pena provar, por exemplo, o bolinho da Dona Idalina, indisfarçada homenagem ao paulistano Bar do Luiz Fernandes, que leva carne, mussarela, berinjela e tomate seco e é servido às quintas, ou o bolinho Travessura do Gabriel, criado para o filho de um dos sócios , que leva lingüiças Blumenau e de pernil recheado com mussarela e pepino, que é oferecido somente às terças. Nesse quesito, coisinhas como o caldinho de sururu e a trouxinha de picanha com alho-poró também são imperdíveis.

Mas a coisa pega mesmo é com as gigantescas porções da casa, todas elas servidas na telha, o que além de lhes emprestar certo charme, as mantém aquecidas por mais tempo. É o caso dos clássicos escondidinhos de carne seca, bacalhau, calabresa ou camarão, campeões de pedidos das grandes turmas.

Se você acha que escondidinho se come em qualquer lugar, dê preferência a criações mais porretas, como Atoladinho da Terrinha, que tem purê de mandioca, bacalhau refogado no leite de coco, azeite, alho, cebola, pimenta, azeitonas verdes e alho-poró gratinado, a Telha do Nordeste, feita com picanha de sol e mandioca com queijo coalho, farofa e pãezinhos, ou ainda o atrevido Atolado das Cabeceiras, que leva purê de mandioca com catupiry, carne seca, calabresa, bacon, queijo coalho, pimenta de bico, cebola e manteiga de garrafa.

Caso seu estômago não seja habituado a grandes batalhas ou se você não for lá muito fã dessas carnes, há ainda ótimas opções como o escondidinho vegetariano, feito com purê de mandioca, seleta de legumes na manteiga, tomate seco, provolone e mussarela gratinada, além de ótimos pastéis como o de couve com gorgonzola, o de berinjela com pimenta calabresa ou o de quatro queijos.

E como nem só de boa comida vive um bom botequim praiano, o bar oferece, além de chopp, cervejas e bebidas tradicionais, uma especialíssima carta de caipirinhas, como a de melancia com jurupinga, a de manga com vodka e pimenta, a de uva com sakê e água de coco, ou ainda as já famosas Maracambola (que leva maracujá, manga, carambola e cachaça), Caju Malandro (feita com caju, laranja, vodka e Cointreau) e Atoladinha, feita com o picolé de fruta dentro da bebida.

Neste bar você não encontrará o agito do verão, mas sim um bairro tranquilo, com ares até antigos, onde se acha amigos de chinelo e bermuda para comer e beber bem, sem atropelos. Também não tirará fotos turísticas para postar e mostrar a todos que “visitou” a praia. Sinto muito. O Bodegaia é pra quem “é” da praia.

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