Pedro Schiavon | 26/07/2023 | 0 Comentários

VIVA VINHOS (Santos/SP)

Diz-se que o vinho é o melhor lugar do mundo para se encontrar com os amigos. Isso deve ser uma verdade histórica, pois nos escritos da humanidade não parece haver registro de uma grande festa sem vinho e até mesmo Cristo deu um jeito de fazê-lo da água para que as bodas de Caná prosseguissem devidamente animadas.

O vinho não sai de moda, principalmente porque todo ano tem aquele friozinho e também por causa dos casais, para quem alguns goles do rubro líquido costumam produzir efeitos semelhantes aos das noites de lua cheia.

Espiñel diz que ele dá força ao coração, calor ao rosto, tira a melancolia, alivia o caminho, dá coragem ao mais fraco e faz esquecer os pesares. E ainda agora os médicos dizem que ele é muito saudável e recomendável a todos, em doses terapêuticas.

No entanto, não me parece uma coisa muito fácil encontrar um lugarzinho bacana, com clima propício e acompanhamentos adequados para sentar e tomar vinho. O que se vê aos montes por aí são os dois extremos: adegas bem simples, bem esculhambadas até e com vinhos de má qualidade ou casas caríssimas, que exploram seus clientes de maneira desmedida, apostando em algumas frescuras desnecessárias para impressionar os visitantes. Não há meio termo.

Ou quase não há, por que em Santos – justamente uma cidade praiana onde pouco faz frio, não tem clima de montanha nem a diversidade da metrópole – há um lugar feito na medida certa para isso: o Viva Vinhos.

O Viva Vinhos foi criado em 2002 e viveu períodos de oscilação, mas graças ao bom senso de seus proprietários, deixou de lado algumas tentativas de se “popularizar” e voltou a ser o que era em sua origem: uma casa rústica e criativa, com forte sotaque da serra gaúcha, tanto no cardápio quanto na sua decoração.

A casa tem um forte clima de vinícola, com cerca de umas 15 mesas, em boa parte feitas com os próprios barris de carvalho da armazenagem da bebida. As cadeiras também são de madeira, bem rústicas, assim como as paredes e as poucas peças decorativas da casa. Escadas de ferro e colunas dividem o pequeno salão em três ou quatro ambientes diferentes. A luz baixa e amarelada deixa o ambiente ainda mais íntimo, confortável e aconchegante.

O cardápio lista dezenas de rótulos diferentes dos mais variados tipos e procedências. Há brancos e tintos, suaves, secos ou meio-secos. Há vinhos do mundo todo, mas a maioria vem do Chile, da Argentina e do próprio Brasil. Há merlots, cabernets, pinot noir, malbecs e afins.

Os preços também variam bastante, mas nada é tão especial que chegue a ser extremamente caro. A alternativa mais econômica – porém bem satisfatória – é optar pelas jarras de vinho da casa. Oriundo da serra gaúcha, ele é servido gelado e costuma agradar a todos, a ponto de várias pessoas passarem por lá para comprá-lo em litros para viagem.

Para acompanhar, as porções mais simples não são lá grande coisa, mas as tábuas de queijos ou de frios caem muito bem. E há também o fondue, como grande atração da casa, servido com pão italiano e com versões para duas ou quatro pessoas.

E não se precisa mais do que isso. A bebida que tanto encanta os poetas e enamorados é suficiente para preencher os espíritos da noite santista. Um lugar agradável, bem ambientado e correto completa o clima de aconchego. Uma boa companhia – romântica ou dos bons amigos – completa o ambiente perfeito.

Tudo mais é relaxar e curtir, com gosto para o mundo e espírito de poeta pois, como dizia Fernando Pessoa, “boa é a vida, mas melhor é o vinho”.

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