BAR DO GIBA
Um raro e genuíno boteco, em meio aos incontáveis bares chiques da região. Uma agradável mistura de bar arrumadinho com mercearia dos séculos passados, cuja estampa ainda aparece nos espelhos próximos ao teto.
Mais do que um bar, uma homenagem à santa trindade brasileira – futebol, samba e cerveja – em um dos bairros mais alemães de São Paulo.
Assim é o bar do Giba, há mais de meio século muito bem-vivido na esquina da Moaci com a Anapurus, na parte indígena de Moema, alguns palmos abaixo dos aviões que pousam em Congonhas.
Giba é Gilberto Abrão Turibus, ex-bancário, profundo conhecedor do samba e presença constante no Carnaval, especialmente nos blocos de rua. Essa paixão é facilmente percebida por quem chega ao bar, impossível que é não notar as grandes bandeiras da Portela e da União da Ilha, além de outras alegorias diversas.
Outra paixão facilmente notável do Giba é o Santos Futebol Clube. As paredes do boteco são forradas de fotos, reportagens e lembranças do glorioso alvinegro, incluindo aí uma camisa da seleção brasileira autografada por Pelé.
O espaço que sobra (quando sobra) nas paredes é preenchido por garrafas de crush, latas de azeite e uma espécie de “kit proteção”, que inclui uma estátua de São Jorge, um vaso com espada de São Jorge, cachos de cebola, alho e pimenta.
A casa não serve chopp, só cerveja em garrafas estupidamente geladas, além de todas as bebidas tradicionais e colossais caipirinhas que saem sem parar rumo às animadas mesinhas internas ou da calçada.
Mas onde o Giba “mata a pau”, mesmo, é na cozinha, que está no nível das mais cultuadas da cidade e apresenta petiscos realmente maravilhosos, como a porção de carne seca com mandioca na manteiga ou o caldinho de feijão com torresmo, de fazer sorrir os paladares mais exigentes.
O campeão da casa, entretanto, como a clientela não deixa dúvidas, é o “engibaiado de pastéis”, uma porção com doze pastéis – 3 de carne, 3 de queijo, 3 de palmito e 3 de camarão – todos tão bons que levaram o escritor, sambista e craque botequeiro carioca Moacyr Luz a homenageá-los em uma de suas composições.
Mas atenção: a casa não tem cardápio e só recentemente passou a aceitar cartões de crédito ou débito. Para conhecer as opções basta olhar nas lousas espalhadas pelos quatro cantos, mas para saber os preços é preciso sempre perguntar aos garçons, que são simpáticos, atenciosos e habituados ao fato. Este costume dá um certo charme ao bar, mas traz uma surpresa na hora de pagar a conta: não é barato.
Portanto, vá prevenido. Mas vá. É um dos melhores bares da cidade.