Pedro Schiavon | 01/09/2023 | 0 Comentários

CANTO MADALENA

Alguns pequenos lugares parecem nos reservar grandes surpresas. E as surpresas devem ser bem recebidas, acolhidas e apreciadas, ainda que, obviamente, você nunca esteja preparado para elas.

O que esperar de um lugar chamado Canto Madalena? Primeiro, que fique na Vila mais querida da cidade, onde todos os amigos se encontram para conversar, festejar e sabe-se lá mais o quê. Segundo, que fique em um cantinho tranquilo, longe da agitação que hoje toma conta do outrora pacato bairro. E, terceiro, se der sorte, que ele traga o velho canto e o encanto da Madalena.

O “Canto” surgiu há dez anos num lugarzinho escondido onde outrora havia uma mercearia e que Gilberto Brozinga, o simpático Giba, adquiriu e transformou em um boteco com cara de “casa da vovó”, misturando móveis antigos com peças de arte e toalhas de chita que dão ares alegres e nostálgicos ao lugar.

A casa, em si, já é uma ótima surpresa, com um ambiente totalmente interiorano se espalhando por varanda, sala e quintal, com um charmoso piso hidráulico e que incluem diversas plantas espalhadas pelas paredes e um teto retrátil que faz a felicidade dos frequentadores em dias ensolarados e nas noites mais quentes.

O jeitão familiar, de interior e de “casa de avó” não é coincidência. A casa é realmente conduzida por uma família inteira, unida e carinhosa. Como Giba é sócio também do Brasileirinho, restaurante no Mercadão, e fica a maior parte do tempo por lá, quem toca a casa são Tita Lima – sua esposa, Isadora – sua filha, e Marcos – seu irmão. E tocam bem, muito bem.

E vão proporcionando boas surpresas, como o informal e atencioso atendimento dos garçons, a generosidade das caipirinhas e a quantidade infindável de cachaças – a maioria de Minas – que somam mais de 200 rótulos e ocupam não apenas as páginas do cardápio como diversas prateleiras e vitrines espalhadas pelo salão.

Mas as melhores surpresas vêm mesmo da cozinha, onde uma incomum brasilidade ganha sotaque paulistano e nordestino ao mesmo tempo, abrindo espaço ainda para muitas outras regiões do país.

Dali saem grandes pratos que fazem sucesso como a feijoada (com arroz, couve, farofa e costelinhas) o Arrumadinho (carne-seca desfiada com feijão-de-corda, vinagrete e couve)e o mexidinho mineiro ( pernil, carne-seca, lingüiça toscana, arroz, feijão, queijo branco, ovo e couve), mas também saem petiscos igualmente tentadores, como os ótimos queijos ou a deliciosa porção de acarajés. E ainda tem frango, salmão, picanha, saladas, caldos, sopas, sanduíches etc.

E mais: como uma variação criativa em um já bem favorecido cardápio, Tita Lima cria uma variação diferente de iguarias a cada domingo, homenageando um estado diferente do país a cada vez, no chamado “bufê brasileiro”.

O Canto Madalena é assim, um lugar para relaxar, bater papo, comer coisinhas boas, tomar um ótimo chopp e se abrir para as surpresas que hão de aparecer. Um lugarzinho realmente aconchegante e acolhedor, que mexe com a memória afetiva da gente, convidando a momentos mais alegres, tranquilos e descontraídos.

Talvez ali você mergulhe num passado de menino, que ficou esquecido em algum canto secreto da memória, mas que, no fundo, você nunca se esqueceu. Talvez reencontre um bairro apaixonante, que você pensava que não existisse mais, mas que, para sua surpresa, ressurge fascinante como nunca.

E provavelmente, se der sorte, você voltará a encontrar a Vila que você sempre conheceu, uma Madalena que – como você sempre soube – foi feita para você. E quem sabe assim ela, agora mais feliz, resgatará seu violão e voltará a cantar.

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