Pedro Schiavon | 01/09/2023 | 0 Comentários

CAFEZAL EM FLOR (Campinas/SP)

Um casarão rústico iluminado apenas por velas. Uma garrafa de vinho tinto na temperatura exata. Uma fumegante panela de fondue. Uma banda tocando MPB ao fundo. Ninguém sai imune do Cafezal em Flor.

A ideia sempre foi essa. Fundado em 1995 por Eliseu Queiroz, o bar/restaurante foi inspirado em uma antiga casa de fazenda onde passou sua infância, buscando trazer para a região mais agitada da cidade um pouco do espírito da roça – incluindo aí as modas de viola que então ouvia por lá.

O ambiente caprichado é o de uma casa mesmo, sem grandes salões, mas sim com pequenos cômodos de paredes rústicas repletos de peças antigas como panelas, quadros, relógios, telefones e até uma caixa registradora de 1890. Espalhadas em torno de tudo isso, velas acesas e louças finas sobre mesas de madeira dos mais diversos formatos acolhem o público na penumbra.

Pensando na lotação constante, a casa se preocupou também com os que aguardam por uma mesa, criando para eles ambientes aconchegantes como a sala com sofás próxima ao palco, ou mais despojados como as altas mesas de madeira do lado de fora. Tanto uma quanto outra são eficientemente atendidos pela simpática equipe da casa.

Após 12 anos à frente do barco, Eliseu vendeu a casa ao então jovem e simpático Rafael Machado, cliente da casa e, na época, sócio do ex-zagueiro da Portuguesa e da Ponte Preta, Emerson Carvalho. Admirador do estilo e até então fiel frequentador, Rafael manteve as características do bar, mas tratou de implantar algumas novidades.

A primeira delas foi no cardápio, que ganhou pratos muito bem elaborados como o filet mignon com queijo brie, o filet poivre com risoto de parmesão, o salmão com alcaparras e amêndoas, o abadejo ao molho de laranja e alecrim, o camarão ao molho de champagne ou o já famoso fondue.

A parte de porções também é bem caprichada, com coisas como o rolinho de picanha defumada recheada com gorgonzola, os camarões-rosa com azeite e gengibre ou a caprichada tábua de queijos, que traz gorgonzola, brie, queijo fresco, provolone e mussarela de búfala. Mas há ainda saladas, caldos, escondidinhos, lanches e muito mais.

Para acompanhar tudo isso, boas opções de bebidas clássicas, sucos, refrigerantes, cervejas nacionais e uma meia-dúzia de estrangeiras. Mas o público prefere mesmo os vinhos. Para isso, uma adega climatizada com capacidade para mil garrafas é pessoalmente cuidada por Rafael, que a abastece com mais de 200 rótulos de diversos países diferentes.

Há ainda uma grande variedade de coquetéis criados na casa – como o Flor do Cafezal, que leva espumante doce, licor de cassis e cereja, o Amor de Roça, com espumante, morango, licor de pêssego, gengibre e cereja, ou o Trem Chique, feito com Jack Daniels, Amareto, Bailleys, sorvete de creme e chocolate – e que só aumentam a nossa desconfiança quando ouvimos que “papai foi pra roça e mamãe pro cafezal”. Sei…

Outra coisa que mudou foi a música. Mesmo seguindo o estilo da casa e mantendo a MPB como prato principal, aos poucos as modinhas foram perdendo espaço no cardápio para o jazz, o blues e, principalmente, para o pop rock. Essa alteração trouxe um público mais jovem para a casa sem espantar os velhos clientes. Prova maior disso é Dom Cabral, fiel cliente há muitos anos e que permanece indo ao bar todos os dias.

Ainda relacionado aos shows, o Cafezal fez uma simples, mas bem interessante inovação: os guardanapos, presentes em todas as mesas, vêm com um espaço próprio para você fazer pedidos aos músicos, preenchendo ali mesmo as informações “meu nome”, “música” e “autor da música”. Todo mundo pede. Todo mundo canta.

Antes de ir embora vale a pena dar mais um passeio pela casa, observando os tantos detalhes que não cansam de surpreender. Vale ainda dar uma passada pela cozinha e tomar um cafezinho ao lado do fogão, que é cortesia da casa. E vambora.

“E de mãos dadas fomos juntos pela estrada, toda branca e perfumada pela flor do cafezal. Meu cafezal em flor, quanta flor, meu cafezal! Ai menina, meu amor, minha flor do cafezal. Ai menina, minha flor, branca flor do cafezal!”

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