HORTELÕES URBANOS
Que tal produzir “alimento orgânico, fresco e maravilhoso” em sua própria casa ou numa praça do seu bairro, podendo se relacionar com outras pessoas de uma maneira saudável, fazendo uma coisa que é muito boa para você, para a cidade e para o planeta?
Assim, de cara, essa ideia, alegremente defendida pela jornalista paulistana Claudia Visoni, pode parecer um pouco estranha, especialmente para quem nasce e é criado em grandes centros urbanos como São Paulo, mas tem sido justamente nessa metrópole que um grupo de pessoas das mais diversas profissões se animou a cultivar nada menos do que hortas.
![](https://lugarzinho.com/wp-content/uploads/2023/09/Horteloes-1.jpg)
Claudia, que se achava a pessoa mais urbana do mundo, num belo dia utilizou o jardim de sua casa para plantar algumas folhas e ervas e imediatamente se encantou pelo mundo da agricultura urbana. Passou a pesquisar a respeito, a participar de cursos, tão grande era a vontade de saber para onde mais a levaria aquilo que, a cada dia, não lhe parecia mais apenas hobby. Com outra jornalista, Tatiana Achcar, formaram na web o grupo Hortelões Urbanos para promoverem a troca de informações entre interessados no cultivo de alimentos em casa.
Com uma proposta descomplicada, mas convincente, e um engajamento ativo para fazer com que ela vingasse e conquistasse corações e mentes de mais e mais pessoas, em pouco tempo o movimento das jornalistas já contava com milhares de participantes.
Dos encontros virtuais nasceu o desejo de transportarem a experiência para o “mundo real”, e foi assim que a primeira horta urbana dos Hortelões teve o seu espaço na cidade: a Horta das Corujas, na Vila Madalena.
![](https://lugarzinho.com/wp-content/uploads/2023/09/Horteloes-00-1024x661.png)
Para que essa horta comunitária pudesse existir, foi necessária disposição e mão na massa de muitos voluntários, não apenas para plantar as sementes, mas para que o espaço de plantio fosse delimitado, a rega das hortaliças estivesse garantida, e também a colocação de arame para separar a horta do espaço de passagem de pessoas, seus cachorros e suas bicicletas fosse feito direitinho.
Ali, coube ao poder público autorizar o uso da praça e colaborar com materiais e com o apoio técnico de alguns agrônomos, mas quem cuida mesmo do crescimento da horta é a própria população.
A experiência na Vila Madalena havia dado certo. Tão certo que se saíssem um pouquinho de lá e chegassem com o projeto num lugar, digamos, mais movimentado, poderiam, pelo menos, contribuir na mudança da paisagem. Por que não uma hortinha na região da Paulista? E lá se foram os Hortelões Urbanos mexer na Praça do Ciclista, esse cara de sorte que também ganhou uma horta!
![](https://lugarzinho.com/wp-content/uploads/2023/09/Horteloes-2-1.jpg)
Um monte de gente plantando, um monte de gente se ajudando, mas, enfim, plantando para quem ou para quê? Plantando para quem quiser levar. Isso mesmo: as hortas comunitárias são feitas para quem quiser pegar alguns temperos, algumas verduras e até algumas frutas, porque, como o próprio nome diz, a horta é um bem comum.
Esse é mais um aspecto curioso da iniciativa: estamos tão acostumados a pagar pelas coisas que precisamos, que quando nos dizem que podemos levar para casa algo cultivado por pessoas que nem conhecemos, soa estranho. Mas só num primeiro momento; só até quando a forma de pensar a que estamos acostumados insistir em não dar o valor devido ao coletivo.
![](https://lugarzinho.com/wp-content/uploads/2023/09/Horteloes-3.png)
Hoje existem mutirões para plantio e hortas comunitárias em muitos lugares na cidade. Na Zona Leste, dezenas de hortas são cultivadas. No Sul, no Norte e até no Centro também. Outro bom exemplo é na própria Vila Madalena, onde facilmente se pode encontrar, num início de tarde de domingo, amigos e vizinhos de todas as gerações com as mãos na terra, cuidando da Hortinha do BNH.
Os Hortelões Urbanos estão cada vez mais ativos, enchendo a cidade de novos canteiros. O grupo é aberto e todos podem participar, seja navegando e visitando a página no Facebook, seja indo numa manhã de cultivo das hortas.
![](https://lugarzinho.com/wp-content/uploads/2023/09/Horteloes-4.jpg)
A cidade em que vivemos, qualquer que seja ela, pode, sim, ficar mais bela e funcional, e a ideia de poder levar à mesa legumes orgânicos é sempre muito boa. Além disso, a proposta que nasceu de uma iniciativa simples de alguém que queria plantar no quintal de casa, entre outras coisas, ajuda a ter de volta o sentido de comunidade, de que é possível realizar um projeto comum com outras pessoas, mostrando que restabelecer a confiança no próximo é plenamente possível e pode valer muito a pena. Basta querer e tentar.
Saiba mais sobre os Hortelões Urbanos em http://www.facebook.com/groups/170958626306460/?fref=ts