Pedro Schiavon | 20/09/2023 | 0 Comentários

O CATARINA

“O” Catarina não era santo, mas já tinha muita gente na Pompéia considerando-o um local sagrado, onde se devia passar sempre que possível, como uma forma de agradecer a Deus pelas coisas boas da vida.

Este é um daqueles lugarzinhos que a gente descobria e não contava pra ninguém, exceto para uns poucos amigos e para os 10 ou 12 leitores deste site. Tratava-se de um minúsculo boteco instalado em uma portinha entre a Pompeia e Perdizes especializado (e bota especializado nisso) em ostras e outros frutos do mar.

O Catarina é o apelido do catarinense Renato Andrade, manezinho nascido e criado na praia de Jurerê, membro da terceira geração de uma família de pescadores e que pela graça de sua esposa Andréa Santos, editora paulistana, resolveu trocar os mares floripanos pelos agitados ares de São Paulo.

Aproveitando seu conhecimento em pesca, armazenamento e no preparo dos frutos do mar, montou, em maio de 2010, seu boteco, com uma pequena cozinha e quatro ou cinco mesas, onde passou a se desdobrar entre o fogão e o atendimento aos clientes.

Mas aí o boteco quase secreto logo foi descoberto por alguém, que já contou para alguns outros alguéns, que corriam para lá sempre que podiam e ocupavam as poucas mesas disponíveis.

Com isso, Renato “importou” de Floripa mais dois cozinheiros, trouxe a sobrinha Amanda de Ibirama para ajudar no atendimento e espalhou mais algumas mesinhas, que viraram quase dez. O segredo? Simplicidade, simpatia, uma cozinha caprichada e as ostras mais frescas da cidade.

Quando se mudou para Sampa, Renato deixou nas mãos de seu irmão sua criação de ostras e mariscos. Este se encarregava de empacotá-los corretamente e despachá-los por avião todas as terças e sextas, de modo que um motoboy pegasse as caixas no aeroporto e as entregasse no bar no final da mesma tarde, onde uma turma faminta aguardava com ansiedade.

E não esperava em vão. As ostras eram grandes, carnudas e tenras, frescas a ponto de parecerem ter sido tiradas do mar naquele instante. Elas eram servidas in natura, acompanhadas do tradicional limãozinho e mais nada. E não costumavam sobrar para os dias seguintes.

Havia também camarões preparados de diversas maneiras, todos de tamanho médio e frescos, bem frescos. Mariscos eram servidos na casca, com ótimos temperos e, claro, muito frescos. E havia sardinhas empanadas, lulas à doré, casquinhas de siri e muito mais. Para acompanhar, cerveja gelada, caipirinhas e o clima de tranquilidade e amizade que a região ainda oferece.

E como essa é a minha praia e parece ser também a de muita gente curiosa que rapidamente foi descobrindo o lugar e se tornando assíduo frequentador, o melhor a fazer era ir logo para lá, antes que as mesas lotassem e as ostras acabassem.

ua Ministro Ferreira Alves, 131

Rua Ministro Ferreira Alves 131 – Pompeia

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