CHORA MENINO
O Jardim da Saúde é um bairro-jardim, planejado e, desde 2002, tombado. Caracteriza pela grande área verde e por uma curiosa concentração da colônia japonesa.
Por outro lado, nunca se notabilizou por restaurantes, bares e afins – exceção feita ao bar do Luiz Nozoie, talvez o único botequim famoso na cidade cujo dono é japonês.
Mas de uns tempos para cá alguma coisa vem mudando. Um ótimo exemplo disso é o Chora Menino, acolhedor botequim que consegue misturar um pouco do estilo boteco-chique, um invejável cardápio, muitas curiosidades e, ao mesmo tempo, simplicidade.
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A primeira coisa a chamar a atenção é o nome. Pelo que ouvi, é uma homenagem ao bairro onde vivia o pai do proprietário, e que fica do outro lado da cidade, perto de Santana!
E a explicação para o nome do bairro é pra lá de macabra: no final do século XIX havia, a alguns metros do vale de Sant’Anna, um antigo chalé em ruínas. Conta-se que ali vivia uma mulher que atirava os recém-nascidos enjeitados no vale para serem comidos pelos urubus. Ouvia-se sempre o choro dos meninos. Há até quem lembre do som, mas justifica-o como sendo, provavelmente, gatos no cio ou o barulho do vento nos eucaliptos. Medo.
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Mas voltemos ao bar, onde ninguém chora. Pelo menos não por grandes tragédias.
Talvez ali os meninos chorem um pouco por causa do futebol, já que o bar transmite os jogos em um telão e é todo decorado com camisas de diversos times, incluindo uma do bandeirinha Felipe Cirillo Penteado, com autógrafo e tudo!
A pergunta é: tirando a torcida do Botafogo, que é fã do Márcio Rezende de Freitas e as de um time ou outro por aí (é prudente não nos aprofundar no tema), quem é que pendura a camisa de um juiz na parede?
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Já pude observar também ali algumas lágrimas rolando diante dos pratos, frutos da emoção de alguns clientes ao se depararem com a porção de bolinho de carne ou com as linguiças diversas vindas diretamente de Bragança e até um “quase choro” de um crocodilo diante da feijoada de sábado.
A verdade é que no Chora Menino todos ficam felizes também é com o chopp Eisenbahn, grande sucesso da casa, servido aos montes às mesas sempre lotadas nos finais de tarde, por um preço muito parecido com os outros chopps servidos por aí..
E os meninos sorriem de orelha a orelha é com a inovação da casa: uma tábua de caipirinhas (creiam, irmãos. É verdade!) feita com cinco opções do drinque em copos menores (de 200 ml cada).
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E o destaque não é para a quantidade, mas para a qualidade da coisa toda. As caipiras são preparadas pelo barman Jardel, aluno do premiadíssimo Souza, do Bar Veloso, e os clientes podem escolher entre inspiradíssimas opções como jabuticaba, limão com gengibre, tangerina com pimenta dedo-de-moça e muitas outras. Aí, definitivamente, os meninos não choram.