LAJE DE SANTOS (Santos/SP)
Os golfinhos, aves marinhas e, às vezes, baleias que habitualmente se vê no percurso de aproximadamente 40 km entre a praia e a Laje de Santos são só um aperitivo do que se vê por lá. Verdadeiro santuário ecológico, o local é um dos mais ricos e belos de toda a costa brasileira e, seguramente, o melhor ponto de mergulho do estado de São Paulo.
Para quem vê do alto ou mesmo dos barcos, a Laje é uma grande ilha toda de pedra, com 550 metros de comprimento, 185 de largura e 33 de altura, escolhida por aves como gaivotas, atobás e trinta-réis-real nas épocas de reprodução.
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Mas é ao redor dela, e debaixo d’água, onde encontramos as exuberantes espécies que atraem inúmeros mergulhadores e que motivaram a criação, em 1993, do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, com 5 mil hectares de área protegida.
A fauna e a flora do local impressionam tanto pela quantidade quanto pelo tamanho das plantas e animais. Vale desde observar o fundo do mar – repleto de corais, esponjas, estrelas-do-mar, crustáceos e moluscos – até, claro, curtir tartarugas, polvos e grandes peixes como a garoupa, o mero, o peixe-cirurgião e a barracuda, ilustres frequentadores da região.
O outono e o inverno costumam trazer ainda a presença de algumas espécies trazidas pelas termoclinas (as geladíssimas correntes marinhas vindas da Antártida), como pinguins e pequenos mamíferos desgarrados, além das grandes “estrelas” dos visitantes locais: as arraias jamantas, que, diz a lenda, chegam a atingir 7 metros de comprimento.
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Apesar de o verão deixar a temperatura da água mais agradável (em torno dos 25 graus), o outono e o inverno trazem uma outra grande vantagem: a visibilidade, que com a diminuição das chuvas pode chegar a uns 40 metros de distância.
Os principais pontos de visitação dos mergulhadores são:
Portinho – É o local mais abrigado, ideal para mergulhadores iniciantes. Com cerca de 20 metros de profundidade, é o local onde estão os cabos de atracação da ilha, já que é proibido ancorar em toda a região, para não danificar os corais. Ali podem ser observados alguns destroços do pesqueiro São Judas, que colidiu ali nos anos 80, além de moreias, garoupas, corais, tartarugas e muitas tocas com seus habitantes.
Piscinas – Na ponta oeste da ilha, parece uma enorme piscina com profundidade que varia de 6 a 35 metros. Costuma ter muitos cardumes e tartarugas.
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Boca da Baleia – É uma bela formação rochosa com muita vida em volta, incluindo peixes de grande porte e enormes cardumes. No entanto, exige condições ideais pois o refluxo pode ser muito violento.
Paredão (Lado de Fora) – É a face sul da ilha, rente a um paredão que desce até cerca de 35 metros. É para mergulhadores avançados, com boa experiência, que tentam a sorte para ver grandes peixes de passagem. O local apresenta uma fenda de 16 metros de profundidade que penetra no interior da rocha, onde muitos peixes se abrigam.
Moreia – Uma das principais atrações do local, é um barco pesqueiro propositalmente naufragado ali em 1995 para atrair fauna marinha e turismo. Nele pode-se observar muitos crustáceos, anêmonas e pequenos peixes. Porém, como seu estado atual é muito instável, não é aconselhável a entrada em seus porões.
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Calhaus – É uma formação rochosa a 2km da Laje. Possui um túnel em forma de “U” que exige boa experiência dos mergulhadores, principalmente no equilíbrio hidrostático, devido à grande oscilação de profundidade. É comum encontrar lagostas, tartarugas e grandes cardumes de peixes.
Parcel das Âncoras – É uma formação rochosa que parte do lado oeste de Laje e recebe esse nome pela quantidade de âncoras de pesqueiros perdidas entre suas rochas. O local, caracterizado pelas anêmonas, garoupas e grandes peixes de passagem, exige experiência pela presença de correntes marinhas e por não contar com o abrigo da Laje.
Se ainda não ficou claro pelas descrições acima, fica aqui um alerta: para conhecer esse paraíso, é necessário um certificado de mergulhador, adquirido através de cursos em diversas escolas especializadas.
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Esses cursos costumam ter um treinamento de cerca de 20 horas, incluindo aulas teóricas e práticas. O aluno deve ter mais de 10 anos de idade e irá aprender a respirar, a se movimentar debaixo d’água e a manipular os equipamentos. Ainda assim, é recomendável ganhar experiência em mergulhos mais “seguros”, como em Parati ou Ubatuba, antes de partir para o mar aberto.
Os mergulhadores interessados em visitar a Laje de Santos podem consultar suas próprias escolas ou procurar empresas cadastradas que fazem os passeios a partir de Santos ou de São Vicente.
Vale lembrar que se trata de um lugar de preservação marinha, onde é proibido capturar ou coletar qualquer organismo, causar poluição ou danos físicos, ou mesmo desembarcar na Laje sem prévia autorização da administração do Parque.
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Superadas estas etapas, não deixe de levar, além do equipamento, roupa de mergulho (principalmente no inverno, devido à temperatura da água) e, se possível, câmera fotográfica. Como a viagem (que já valeria por si só) dura cerca de 1 hora e meia em mar aberto, vale a pena levar um agasalho, lanche, água e algum remédio para eventuais enjoos.
Existe ali um mundo paralelo que quase ninguém conhece – lindo, calmo, harmônico e intacto – no qual cada visita o deixará ansioso pela próxima. Uma certeza você pode ter: o passeio é único, acessível e inesquecível.