LOJA DO BISPO
Nada mais desafiador para a seção Lojinha do Lugarzinho do que falar sobre a Loja do Bispo, provavelmente o mais desobediente e provocador comércio de São Paulo.
A Loja do Bispo surgiu em 2005 como fruto da Editora do Bispo, criada pela artista plástica Pinky Wainer (a primogênita dos jornalistas Samuel Wainer e Danuza Leão) em parceria com seu marido, o advogado Zuca Pinheiro, e com o jornalista Xico Sá.
Para se ter uma ideia do espírito da coisa, basta ver as obras que a Editora destes “dois cariocas e um cearense que adotaram São Paulo como lar” publica, seja por seu tema, por sua apresentação ou pelo simples fato de disponibilizar tudo para download.
São livros como “Catecismo de Devoções, Intimidades e Pornografias”, de Xico Sá; “José Simão no País da Piada Pronta”, do jornalista José Simão; “Coisas de Amor Largadas na Noite”, de André Gonçalves; “Por Que Se Mete, Porra?”, de Paulo César Peréio; “Manual Para Fazer de Crianças Pobres Churrasco”, de Jonathan Swift, Fábia Bercsek e Clarah Averbuck, ou “Vendo Alma Vagabunda com Tatuaje Del Che”, da própria Pinky Wainer.
Auto-definida como o lugar onde você encontra o presente ideal para quem já tem tudo, a Loja do Bispo abusa da criatividade e da subversão, criando, produzindo e principalmente customizando objetos com o talento e a originalidade que apenas os grandes artistas trazem em si.
A loja é uma “orgia visual”, onde você não irá encontrar nada do que está procurando, mas sim tudo aquilo que você não imagina encontrar. Tem desde móveis antigos e grandes esculturas até pequenas canecas, copos, canetas e imãs de geladeira, cujos temas passeiam por todas as praias imagináveis, abusando de assuntos como sexo, drogas e rock and roll.
Entre colchas e luminosos de neon você encontra coisas como máscaras africanas, brincos, vasos, cartazes de cinema, bonecos de prata, corações de plástico, fruteiras de porcelana, placas com frases impublicáveis, posters de Andy Warhol, roupas diferentíssimas, livros raros e sabe-se-lá mais o quê. Para onde quer que se olhe, uma nova descoberta.
E como ali dentro tudo é permitido, outro tema recorrente ao Bispo é justamente a religião. Não há uma crença específica, mas uma mistura de todas – tem imagens da Santa Ceia em torno de um gigantesco graal, bandeiras do vodoo haitiano, fitinhas de São Google e muito mais – sempre com certa dose de brincadeira, mas sem perder a ternura.
Para quem ainda pede um pouco mais, tem também a Galeria do Bispo, com obras de arte ocupando todo o segundo andar da casa, mas mantendo o espírito de não fazer nada igual aos outros. Ali a arte de Louise Bourgeoius e Richard Serra convivem com as fotos do canadense Lyle Owerko, com o bom humor de Lucia Loeb e com o erotismo de Nelson Leirner.
Não é que você precise conhecer a loja. Como já dissemos aqui, não há nada ali que você realmente esteja procurando. No entanto, é provável que você precise de mais arte, alegria, criatividade e ousadia em seu dia-a-dia, e isso ali tem de sobra. Vá em frente, que o Bispo te abençoa.