Pedro Schiavon | 21/07/2023 | 0 Comentários

BAR ROSÁRIO (Bragança Paulista/SP)

Antigamente eu gostava das quermesses. Era divertido, barato e tinha coisas que não se encontrava por aí no resto do ano. Hoje, com exceção das festas de roça, elas passariam por mim totalmente despercebidas, não fosse o cheiro da linguiça…

Mas se é para falar de linguiça, falemos da qualidade e da tradição do boteco mais famoso da tárr da capitárr da linguiça: o Bar Rosário, em Bragança Paulista.

A história começa antes do bar. Conta-se que, no início do século passado, Bragança era um dos maiores centros porqueiros do estado. Ali, em 1911, há exatamente um século, uma senhora italiana chamada Palmira Boldrini, criadora de porcos, foi a precursora da produção e venda de linguiças caseiras para toda a região. E como Bragança sempre foi rota de caminhoneiros, estes passaram a comprar a lingüiça de dona Palmira e levar para outros lugares, iniciando a fama bragantina Brasil afora.

Pulemos para o final da Segunda Guerra Mundial, com o início da produção das divinas lingüiças do Bar do Rosário, em 1947. Diz a lenda que Octávio Pereira Leite, pracinha da Força Expedicionária Brasileira foi combater na Itália e, entre uma batalha e outra, encantou-se com a linguiça calabresa. De volta da guerra, aprendeu com os italianos daqui a tão encantadora receita e, tendo herdado do pai o bar e com o apoio da esposa Mariquita, pôs em prática sua produção.

A linguiça feita ali não leva carne moída, mas sim carne picada à faca. Este simples fato já proporciona uma grande diferença no sabor, mas há muitos outros detalhes. Até hoje ela é feita somente com o pernil do porco, sem nenhuma gordura e cada parte serve para um tipo de produto: do músculo, sai a linguiça aperitivo; do coxão mole a calabresa. E por aí vai.

O bar, que chega a ter ares de lanchonete, passou por várias fases. Em 1965, Otávio e Mariquita o venderam, junto com suas receitas, a João Alvarez e dona Adair. Em 1986 passou às mãos do Sr. Sílvio e desde 1994 pertence ao Sr. Manoel Dantas e sua esposa Genolina. Em todas essas, manteve suas receitas, sua qualidade e, consequentemente, seu imenso público.

A casa está sempre cheia de gente que vai atrás de sanduíches recheados com calabresas de ervas, de pimenta, de azeitona, de provolone ou ao vinho, de pratos com a linguiça servida com diversos acompanhamentos ou da deliciosa porção aperitivo, onde o embutido é servido com pão, tomate, limão e um molho especial de pimenta.

A procura é tanta que os donos se viram forçados a montar uma linguiçaria, que produz diferentes tipos da iguaria para vender para viagem ou mesmo para outros restaurantes da cidade. Além da calabresa, de sabor e coloração mais suaves do que encontramos por aí, tem toscana, com alho, ao vinho e muitas outras. E como ela não leva nenhum aditivo ou conservante, levam na embalagem a advertência para ser consumida em até cinco dias, mesmo conservada em geladeira.

Mas nada disso supera a ideia de ir até lá. A proposta é passear um pouco, visitar a estância (Bragança fica a apenas 88 km de São Paulo) e conhecer o lugar que, com todos os méritos, é famoso por produzir a melhor linguiça do Brasil.

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