BOTTOM OF THE HILL (San Francisco – EUA)
Existem várias versões de San Francisco e todas elas são bem interessantes. Tem a cidade dos filmes, com as ladeiras, casinhas e a Golden Gate. Tem a dos gays, agitada, que gira em torno do Castro e quanto mais no seu miolo mais maluca é, às vezes perigosa e em outras divertidíssima. Tem a San Francisco dos geeks do Silicon Valley, que deixou tudo mais caro e mais vip, mas que trouxe novidades muito boas para a cidade. E tem a San Fran que mantém o espírito beat e ainda vive cheia de hippies nos parques e nos bares. Gosto de todas, mas principalmente dessa.
Para quem quer conhecer a alma de San Francisco – e não a cidade dos turistas – acho que não existe lugar melhor que o Bottom of the Hill, um bar completamente fora do circuito. Ele fica em Potrero Hill, um bairro quase portuário, cheio de armazéns e galpões, que até assusta um pouco quem não conhece bem a cidade. Fica no pé das colinas do centro, pelas quais despencam os bondinhos. É o melhor lugar para se ouvir música ao vivo em San Francisco – e quem diz isso não sou eu, é a Rolling Stone!
O lugar é muito legal e pequeno e, por isso, de qualquer lugar você consegue ver o show. Como em qualquer bar, tem uma boa variedade de bebidas tipo mojito e whisky, mas o calor interno sempre faz com que o público se direcione às cervejas. Além disso, tem bons lanches, como os hamburgueres, hot-dogs, o teriyaki chicken e as quesadillas. Uma boa ideia é pegar seu lanche e ir comer na parte ao ar livre, nos fundos da casa, onde dá para respirar um pouquinho e recuperar o fôlego.
Mas o que é especial mesmo ali é a música. O bar sempre foi dirigido por músicos e, assim, ela sempre foi o centro de tudo. A seleção é de variáveis do rock: uns com pegada mais pesada, outros mais pop e principalmente com grandes quedas pro funk, pro blues e black music. Só tem coisa boa.
Posso ser suspeita para falar porque de tanto ir ao Bottom já virei amiga de todo mundo, mas eu realmente amo esse lugar! Já vi bandas incríveis começarem naquele pequeno palco e depois explodirem nas rádios californianas. E já vi gente consagradíssima dar canjas ali.
Eu nunca esquecerei a rápida jam que o pessoal da Annie Girl (banda que está sempre na casa) deu com ninguém menos que o Dexter, do Offspring, e o bar quase veio abaixo ao som de Pretty Fly! Minhas amigas não cansam de me provocar falando de uma noite, há muitos anos, na qual o Anthony Kieds, do Red Hot, estava por lá! Mas eu prefiro acreditar que seja mentira.
De qualquer jeito já dá pra sacar qual é a da casa né? Um lugar simples, humilde, gostoso, confortável, com uma vibe super sincera e som de primeiríssima qualidade.
Dica da Cecéu: esqueça os pontos turísticos, os cafés e restaurantes esnobes e até as cultuadas bizarrices da cidade. Ande a pé por aí, descanse nos parques e guarde energia para se jogar no Bottom. É aqui que está a San Francisco de verdade.