Pedro Schiavon | 07/07/2023 | 0 Comentários

CLUBE DAS ARTES

“É uma necessidade conversar com os poetas. E se os poetas morrerem, provocarei os mortos, as flores do mal que estão na minha estante”. (Pagu)

É hora de respirar, comer e beber arte no Lugarzinho. E de conhecer um dos pequenos tesouros escondidos na cidade de São Paulo: o Clube das Artes – antigo Bar do Museu, sede da Associação de Amigos do Museu de Arte Moderna (AAMAM), que sempre esteve nos lugares mais movimentados da cidade e mesmo assim, creio eu, mais de 90% da população nunca ouviu falar.

A história começa nos anos 40, quando o empresário e mecenas das artes Ciccillo Matarazzo instalou, no prédio dos Diários Associados, na rua 7 de abril, o que viria a ser a primeira sede do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Criou-se também, ali, uma associação de amigos do museu, que contava com empreendedores como Iolanda Penteado e Assis Chateaubriand e criadores como Tarsila do Amaral, Vitor Brecheret, Oscar Niemayer e Alfredo Volpi. E como o espaço era utilizado para reuniões e debates entre os membros do “clubinho”, o que melhor do que criar um bar ali dentro?

Cabe lembrar que quando o Bar do Museu foi aberto, o centro era o lugar onde tudo acontecia. Quase todos os associados moravam na área ou mantinham seus negócios estabelecidos pela região. E com isso, mesmo depois da instalação do MAM no Parque do Ibirapuera, em 1958, o Bar do Museu continuou sendo o ponto de encontro de seus frequentadores.

A nova sede foi adquirida em 1978, na sobreloja do edifício Conde Sílvio Penteado, entre as avenidas avenidas Ipiranga e São Luiz.

Mas a escassez de público levou o boteco chique a mudar, em 2012, para Higienópolis, onde surgiu repaginado, cheio de novidades e com novo nome.

Vá conhecer e entre no clima totalmente noir do lugar, como se entrasse em um filme francês dos anos 50 ou 60. O bar é repleto de poltronas, sofás, mesas de bar e outras muito diferentes, com tapetes e carpetes, como se fosse uma residência finamente decorada no estilo da época.

E então você se depara com o que deve ser a atração principal do lugar: os quadros. As paredes do bar são completamente preenchidas com quadros, fotos e gravuras originais dos maiores nomes da arte moderna brasileira. Estão lá Volpi, Aldemir Martins, Clóvis Graciano, Maria Leontina, Heitor dos Prazeres e muitos outros. E alguns com dedicatória e tudo. Exposto em um dos cantos da casa, vê-se também o violão autografado de Silvio Caldas, antigo frequentador.

O Clube das Artes é diferente dos bares comuns. li, além de beber e conversar, como em qualquer outro da cidade, as pessoas também vão se encontrar com artistas e amantes das artes nas mesmas mesas por onde passaram personalidades como o pintor Di Cavalcanti, a escritora Ligia Fagundes Telles e políticos como Ulysses Guimarães e Jânio Quadros.

Na luta para que novos frequentadores não deixem morrer a sua essência, o Clube luta ainda com dificuldades, mas segue vibrante.

Outra boa nova é que além da sempre boa variedade e preços das bebidas, o bar oferece passou a ter boas opções de pratos e petiscos, como os saborosos canapés de steak tartare e alguns poucos outros.

Mas a pouca variedade não é nem nunca foi problema. A intenção de todos ali é que as boas e saudáveis conversas sejam acompanhadas de ótimos drinks e do nostálgico e cultural ar que emana do “clubinho”. Afinal, a gente não quer só comida. A gente quer bebida, diversão e arte!

Posts Relacionados

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.